tudo é provisóriamente eterno para os poetas... tudo é eternamente provisório para os amantes e o poema apenas a configuração do instante.

-Capinam-

2 de novembro de 2010

Verde

É sabor de verde pulsante depois do tempo em que os dias eram apenas neutros e simples demais.

Sabe o tal do tempo? Aquele que as pessoas teimam em dizer que cura tudo? Adivinha só! Essa é a maior mentira que já contaram sobre o amor.
O tempo não cura o amor. Desse amor que já faz mais mal do que bem, que traz dor, tristeza e você quer esquecer. O tempo não cura porque, amor não é doença.
Meu bem, sabe o que o tempo faz? Tira a dor do centro da vida e coloca em um plano diferente para que outro sentimento tome lugar no centro... Não se iluda, porque amor não passa.
E sabe o que é mais magnífico? Não se ama apenas uma vez.
A gente acaba por se acostumar com a dor e vê que ela é suportável quando consegue sentir que é possivel sorrir de novo... que outros sentimentos nos fazem bem.


Recentemente a menininha dos olhos cor de mel levou um susto enorme quando sentiu umas batidinhas no peito... no coraçãozinho que a muito não batia... e então se sentiu feliz.
Felicidade em sentir, em estar viva e em saber que as coisas nunca são fáceis mas que sempre se deve ter esperança.
A tua dor, menininha verde-água, me dói também. Os seus olhos são lindos quando tristes mas muito mais quando sorridentes.
São bonitos de qualquer jeito... nessa beleza que poucos entendem ou não se importam em ver.
Eu me importo. Quero ver o que nunca souberam ver. Quero olhos sorridentes para a certeza e a verdade.
Porque com quem se quer bem, queremos é ser felizes e viver o que temos. "Porque o tempo que temos, se estamos atentos, será sempre exato."
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[sabe o coração? por mais que pensemos que ele já está fraco e fadado a morte... ele sempre pode surpreender. coração é maroto, não liga pra nada alem de sua vontade. Se ele quer pular pela boca, eu vou deixar... porque é bom tê-lo como compania, novamente.]

13 de setembro de 2010

À quem eu mais amei nessa vida.

Eu tentei pensar no que escrever. Não consegui organizar pensamento algum... e por isso ficou tudo assim mesmo, desordenado e com sentimento de saudade.
Saudade de quem mais me amou nessa vida.

Em 1990 o parto de uma mãe solteira foi meu primeiro acontecimento na vida. Minha mãe, a minha vida. Hoje, nas fotos posso perceber o olhar vibrante de uma mulher linda que acabara de conceber, dar a luz ou qualquer quer seja a nomeclatura que é costumeiro dar a esse momento. Eu prefiro dizer que fui parida. Sim, parida e amada desde esse dia até o dia em que findou-se a vida para uma de nós.
A mim, hoje, não importa o fato de termos morado em tantas cidades e estados diferentes todos os anos. O que eu sei é que fomos principalmente só nós duas... duas pra guerrear no mundo.
Tenho orgulho de dizer que o que vivemos, eu e ela, foram os momentos mais significativos e formadores da pessoa que sou hoje. A política, o mst, a realidade, o sindicato, o funcionalismo público, as vezes em que passamos fome, dormimos mal, as vezes em que foi preciso fazer grandes sacrifícios e as vezes que a vi chorar...
A vez em que ela me aceitou como sou e me amou da mesma forma, porque sabia que eu precisava.
E depois vivemos a falência dos rins, a hemodiálise, o medo, a insegurança... tudo vencido por ela... por nós, juntas. E como se não fosse o bastante veio o câncer... com ele a quimioterapia, os enjôos, a queda do cabelo e a fraqueza física. Mas com a força que não sei de onde vinha e da vontade de viver que ela tinha eu a vi vencer todas estas coisas mais.
Eis que chegou o momento em que conhecemos uma palavra fria e triste que, eu não sabia mas, ia me assustar por muito tempo - Metástase.
Essa porra de metástase que significou para mim o medo constante de perder a pessoa mais importante da minha vida, agora era fantasma presente todos os dias. E com ele veio o sangue, escarrado diariamente no balde ao lado da cama... veio a ausência de fome, outra quimioterapia, a dificuldade de respirar, as noites em claro, o hospital, o medo, o choro e a partida.
Partida para nunca mais voltar. Para sempre.

O choro no hospital, no velório e no sepultamento. O choro de todos nós.
Não sei bem quantos "meus pêsames" e "meus sentimentos" eu ouvi... de verdade não sei quantos foram mera formalidade, mas o que lembrarei sempre e darei devida importância é aos abraços sinceros e a atenção que recebi de cada pessoa nesses dias difíceis, escuros e tristes. Os vagalumes que fizeram força pra iluminar meu caminho quando a minha luz se apagou.
Aos vagalumes,
serei eternamente grata.

À minha luz,
sentirei eternas saudades.

E a dor e tristeza ainda existem... mas guardo só pra mim.
Sorriso de exorcismo.
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[poderia ser mais bonito, poético ou emocionante. Mas é só um texto, que eu não tinha intenção de escrever. O que eu senti e sinto nunca poderia ser demosntrado aqui. Eu nunca conseguiria.]
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Para quem eu mais amei na vida, Renise Sandra de Castro Souza, a minha mãe. Alguém em quem sei que vou pensar todos os dias que me restarem.

1 de agosto de 2010

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A dor

Doía tanto que o choro não bastava. Uma dor grande o suficiente pra se perguntar se valia a pena.
O corte no braço distraía a atenção pra uma dor física muito aquém do que a que doía na alma. Foi ela quem fez, ficou em carne viva e demorou pra cicatrizar, mas no momento em que sangrava, a dor do corpo ajudava a não sentir a dor real, a da vida.
Pensou duas vezes, mirou no pulso, recuou, não tinha certeza. Ligou pra alguém, ouviu uma voz verdadeira e então, não cortou tão fundo quanto planejava.
Dormiu chorando mais uma noite.

Pensava no dia seguinte... e se não tivessem atendido o telefone?


A cicatriz

Não, não há orgulho algum quando olha pro braço. Depois se arrepende.
Não é bonito, mas sente como se tivesse sido necessário... não só a si.
E se perguntam, o que pode fazer além de enrolar um pouco e dar uma resposta mal dada, uma mentira mal contada? Não adimitir que não consegue ser forte sempre.

Consola-se. Ferida na carne cicatriza.
Mas o que fazer com a ferida interna que fica mais profunda a cada dia que passa?

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[Obrigada por ter atendido o telefone.]

9 de julho de 2010

The human condition*

O Cartas tá de cara nova...
Novo template, uma nova cara..
mas na verdade acho que a cara é a mesma, de certa forma...

Fiquem a vontade, sintam-se a vontade.
Entrem pela janela, alegrem-se e chorem comigo...


Há coisas que nunca mudam.



Créditos á Camilinha Chaves que ficou de madrugada...
Esse template é quase um filho.

*[aah, e a obra é do fodão do Magritte]

7 de junho de 2010

Diário de uma Metástase

Passar um dia inteiro longe de casa e pensando no que pode estar acontecendo lá.
Eu a amo, mais que tudo...


Hoje, quando cheguei, a noticia do dia era a de que o sangue agora escorria pelo nariz.
Como se não bastasse cuspi-lo o dia todo pela tosse.


Está emagrecendo, eu vejo. Quando passo pela porta do seu quarto o seu olhar pra mim é de "nossa, que bom que você chegou." Sei que é medo de ir embora, de deixar a vida e me me deixar. De me deixar sem me ver.
Há toda essa vontade de viver... é mais uma vontade de viver por mim.

E ela dorme... eu ainda estudando, vou até lá, beijo-lhe a cabeça e agradeço por esse momento...
de poder desfrutá-lo, de tê-la, mais um dia...
E que venham muitos outros dias, mesmo que não sejam fáceis.





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19 de maio de 2010

Essência.

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Saber que existe alguém que te vê
muito além do que você mostra
é também perceber que se ainda existe
gente que quer te sentir, mesmo que doa,
é porque você é de verdade
e a sua vida não é vazia...
como a de muitos é.
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[prestar a atenção, sempre. valorizar, sempre.]