tudo é provisóriamente eterno para os poetas... tudo é eternamente provisório para os amantes e o poema apenas a configuração do instante.

-Capinam-

8 de dezembro de 2011

Namoro à distância? Amor.

- Alô
- Tava esperando você ligar. Passei o dia todo esperando, na verdade.
- Eu não deixaria de ligar, amor. Precisei tanto ouvir sua voz nesses dias.
- Eu também. As vezes fico pensando no nosso sentimento e nessa distância. As vezes a saudade dói demais, sabe?
- Eu sei.

(silêncio)

- Mas olha... quero falar de coisa boa. Sabe que dia é hoje?
- hum...
- Aniversário de namoro, amor! Eu tenho um presente... um presente pra namorada mais linda desse mundo todo rs.
- Eu achei que você tinha esquecido... Um presente? O que é?
- Eu te fiz uma carta em envelope amarelo no qual eu desenhei coisas doidas. Sabe bem como eu sou, não é? As vezes eu tenho dessas coisas doidas. Mas eu gostaria tanto que você me sentisse nela. Na carta, no envelope, em você.
- Mal posso esperar para recebê-la!
- Eu também tenho uma parte do meu dia pra te dar. A parte em que cantarolei tantos versos pensando em você. "Enquanto for... um berço meu. Enquanto for... um terço meu. Serás vida... bem vinda. Serás viva... bem viva...Em mim"
- Amor, quero que saibas que por maior que seja o desespero, nenhuma ausência é mais funda do que a tua. "Por que me descobriste no abandono, com que tortura me arrancaste um beijo, por que me incendiaste de desejo, quando eu estava bem, morta de sono. Com que mentira abriste meu segredo, de que romance antigo me roubaste, com que raio de luz me iluminaste, quando eu estava bem, morta de medo. Por que desceste ao meu porão sombrio, com que direito me ensinaste a vida, quando eu estava bem, morta de frio." Eu estava
assim, antes de você.
- Ei, espera um minuto na linha? Vou comprar uma flor aqui.
- Uma flor? Presente pra alguém?
- Sim. Uma flor simples em um vasinho de planta. Você sabe que não gosto e flores cortadas, fadadas a morte rápida. Se for para presentear com uma flor, que ela viva, muito, pra representar um sentimento que existe.
- ...
- Pronto, terminei.
- É... vai encontrar alguém?
- Vou sim. E estou tão ansiosa por isso. Coração batendo forte.
- Hum... Tudo bem, vai lá. Acho que vou desligar.
- Ei, Espera um pouco. Eu preciso te dizer "que eu te mereço, que eu me pareço com o seu estilo. E existe um forte pressentimento dizendo, que eu sem você é como você sem mim. Antes que amanheça, que seja sem fim. Antes que eu acorde, seja um pouco mais assim...Case-se comigo antes que amanheça, antes que não pareça tão bom pedido. Antes que eu padeça, case comigo..."

(silêncio)

- Sabe, eu te amo. Muito.
- Eu também te amo!
- Mas fiquei mal porque você vai encontrar alguém. Essa distância ainda me mata e não posso fazer nada. Eu aqui, você aí em outro estado... Ai! e essa campainha daqui de casa tocando? não tem ninguém pra atender não?! Olha, vai lá... melhor eu desligar.
- Amor...
- Oi
- Eu estou aqui em baixo, a viagem foi longa. Abre a porta por favor, que eu preciso do teu abraço, preciso te entregar essa flor...

"Entre tantos outros, entre tantos anos
Que sorte a nossa, hein?
Entre tantas paixões, esse encontro
Nós dois, esse amor"

.
.
.
.
* Meu amor, espero que goste. Não repara por ser uma flor tão simples?

1 de novembro de 2011

A dor de distâncias

"Vem, me faz um carinho, me toque mansinho... me conte um segredo, me enche de beijo... depois vai descansar..."

Dá pra ver o brilho nos meu olhos? Dá pra ver o quanto eles brilham quando eu te vejo?
Dá pra sentir o amor no meu jeito desengonçado de querer te abraçar ou tentar te tocar por um instante qualquer, mesmo não podendo?
Meu amor, minha flor, minha menina, o medo maior que me tem bagunçado é o da injustiça. Tenho sentido dores difíceis mas que são minhas. São dores do meu amor. E não te culpo. Eu nunca poderia!
O criador de expectativas está fadado à decepção ou à tristesa, sempre.
Sabe... eu te fiz um presente... uma caixinha com todos os meus sentimentos dentro. Preciso te entregar pois já não sei se posso permanecer, assim, sentindo um tanto de solidão.
Preciso te entregar, preciso te ver, te ouvir, te sentir.
Mas insisto, o sentimento (meu) não depende do que tu sentes. A dor sim, o sentimento não. E hoje eu precisei chorar sabendo que lágrimas são importantes. Lágrimas de distância, mesmo estando tão perto.
Tenho sentido medo do que sinto, desde o dia em que dei esse salto.
Sei que tenho sentido essas dores e as pessoas perceberam. Menos você, pois a ti só devo a alegria e a leveza. A ti eu serei o melhor, sempre. É isso que eu chamo de amor. Eu queria um tempo pra te dizer que eu compreendo as limitações... ou que pelo meonos tento, sempre.
Me guarda contigo? Porque não sei até quando posso permanecer assim.
Meu amor, não me arrempendo, nenhum segundo sequer de nada que fiz por mim e por nós até hoje. Senti coisas maravilhosas. Sentimos, creio.
Mas hoje eu sinto dores.
Hoje eu penso muito.
Hoje eu quiz ir embora.

E de fato vou. Mas só cabe a você querer que eu fique.
E eu fico. Pois nessa nossa história, não há o que eu não faça.

8 de outubro de 2011

O Mundo

Um homem conseguiu subir ao céus.
Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana.
E disse que somos um mar de fogueirinhas.
- O mundo é isso - relevou. - Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras.
Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores.
Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas.
Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto, pega fogo.


(Eduardo Galeano - O Livro dos Abraços)


26 de setembro de 2011

(in)Visibilidade lésbica

Dia 29 de agosto é (des)conhecido como o Dia da Visibilidade Lésbica. A data recorda o ano de 1996 em que realizou-se o 1° Seminário Nacional de Lésbicas – SENALE no Brasil.

Se por um lado é dia de celebração, por outro é principalmente de discussão e reflexão sobre os estigmas, preconceitos, lesbofobia e sobre a opressão em geral a qual são submetidas as mulheres que amam outras mulheres.

O dia nacional da visibilidade lésbica no Brasil representa resistência ao machismo, ao patriarcado e sua expressão mais nociva – a heteronormatividade. A Visibilidade Lésbica é uma forma de dizer não à censura e ao cerceamento sobre os desejos e afetos dessas mulheres.

Rompendo com a heterossexualidade obrigatória na família, no trabalho, na sociedade, na militância, nos espaços de lazer, lésbicas subvertem o que é ser mulher na sociedade capitalista. Por encontrar dificuldades de colocar suas pautas dentro do próprio movimento LGBT, por estarem submetidas à ideologia machista e lesbofóbica é que as mulheres lésbicas são duplamente invisibilizadas.

O Estado cumpre um importante papel na maior invisibilização das lésbicas. Principalmente no governo atual, no qual ter uma mulher na presidência da república significa que mais do que nunca não se pode admitir que ocorram tanta violência física, psicologia, e tantos estupros corretivos ás brasileiras de orientação sexual homossexual.

É muito clara a forma como o estado e sistema capitalista se apropria da subjugação das mulheres lésbicas na sociedade. Quem mais sofre são as lésbicas trabalhadoras que além da opressão sofrem a exploração do seu trabalho não podendo viver plenamente sua sexualidade sob a pena de perder o emprego.

A disseminação dos preconceitos e discriminações entre a classe trabalhadora é importante ferramenta da burguesia na manutenção de seu poder, pois divide a classe solidificando a exploração. Desvia-se o foco de que o verdadeiro inimigo é a burguesia e passam-se a ser inimigos os trabalhadores entre si a partir das diferenças.

É preciso que as mulheres lésbicas coloquem suas pautas junto as de todos os trabalhadores no sentido de perceber que a destruição da opressão só se dará em um novo modelo de sociabilidade, com a destruição do capitalismo e na construção da sociedade socialista.

Uma verdadeira visibilidade só se dará em uma sociedade em que a opressão não seja alicerce para o sistema vigente. Enquanto houver capitalismo haverá a subjugação das grandes minorias como forma de enfraquecimento da classe trabalhadora e maior exploração da força de trabalho.
Mas é certo que não há solução individual e que a única saída é a luta organizada com a unificação das bandeiras de todos os oprimidos e explorados na construção de uma nova sociedade.

Camila Castro

publicado aqui: http://pstumaranhao.blogspot.com/

2 de setembro de 2011

Renise, luz.

"Aos vagalumes,
serei eternamente grata.
À minha luz,
sentirei eternas saudades.
E a dor e tristeza ainda existem... mas guardo só pra mim.
Sorriso de exorcismo.

Para quem eu mais amei na vida, Renise Sandra de Castro Souza, a minha mãe. Alguém em quem sei que vou pensar todos os dias que me restarem."

Depois de 1 ano eu voltei ler o texto que fiz mergulhada em tristeza por causa da partida da minha mãe. Quando partiu para não mais voltar.
Eu o evitava. Hoje eu o re-li e não parece que se passou um ano inteiro. O 2 de setembro de 2010 está tão vivo quanto antes. Em mim, na minha casa, nas coisas, lugares da cidade, no quarto dela que não mudou muito, nas minhas lembranças, nas lágrimas de saudade.
A gente segue... Com uma lágrima ou um sorriso, mesmo que de exorcismo, a gente segue. E se souber seguir chegará o dia em que as saudades não serão tão insuportáveis como outrora. Um dia em que as lembranças serão saudáveis.
Eu sinto muita saudade. Eu sinto muito amor. Muito mais do que sinto tristeza.

Hoje eu finalmente percebi que a minha mãe não está morta.

Dona Renise está viva

dentro de mim
sempre comigo.

17 de agosto de 2011

Te valorizo*

E a menina que não tem pesadelos pergunta:
- Vale a pena? Será que vale realmente a pena?
Paramos e pensamos.
Eu desatinei a falar todas as coisas que na minha cabeça pareciam estar claras e postas sobre a mesa do jantar a muito tempo... que poderíamos saborear de nossos afetos e inclusive de nossos medos, juntas. E dormir, bem, depois – eu, ela e a chuva.
Mas não se pode ter tudo não é mesmo? Não dá pra engolir o medo do outro. O outro precisa se colocar à disposição de fazê-lo.
Me servi de um pouco mais da confiança que tinha na panela e me voltei para ela e enfim dizer:
- Faço tudo pelo nosso amor. Faço tudo pelo bem do nosso bem meu bem. A saudade é minha dor que anda arrasando com meu coração. Não duvide que um dia eu te darei... não o céu, mas não duvide... disso.
Disso? Perguntaria ela.
E eu, não saberia explicar que “disso” tem feito os meus dias mais diferentes e suportáveis de serem enfrentados. Apenas soube dizer:
- Eu só sei que está acontecendo! E é bom! Você consegue sentir, meu amor?


Eu sei é que eu sou idiota e não consigo dizer - cuida de mim que eu não finjo e não esqueço de você.
Se eu ousar te contar o que eu sonhei, pode até engasgar, pagaria pra ver.
Mas como eu te valorizo, eu te espero acordar,
Pra isso.

*música de Tiê