tudo é provisóriamente eterno para os poetas... tudo é eternamente provisório para os amantes e o poema apenas a configuração do instante.

-Capinam-

28 de setembro de 2013

Dentro.

Não tinha para onde ir, não havia o que fazer, não sabia a quem chamar.
De repente ficou sem ar, sem chão, sem saber...
Já não havia um lugar que acreditasse ser seu.
 Já não sentia parte, com todos os seus sentimentos, de qualquer coisa... como outrora havia sentido.
Mas sentiu que havia amor, que haviam esperanças e assim sustentou-se dia após dia, as vezes cambaleando, as vezes saltando de alegria efêmera... mas o que lhe dava mais sentido eram os discos, as películas e o bom vinho que tomava sozinha e com saudade.
Não havendo para onde ir, ia para dentro de si e assim se aprofundava... onde poucos haviam conseguido chegar.
Era noite e tinha um colorido especial nas ruas, no portão, no quarto de dormir, na mobília e nos próprios olhos diante do espelho. Sua alma resplandecia com um fervor que não via há tempos.
Finalmente voltou a se enxergar: no meio do caminho do não caminho, ser si mesmo era o melhor a se trilhar...

Pensou.
Foi.

Si.

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