A dor
Doía tanto que o choro não bastava. Uma dor grande o suficiente pra se perguntar se valia a pena.
O corte no braço distraía a atenção pra uma dor física muito aquém do que a que doía na alma. Foi ela quem fez, ficou em carne viva e demorou pra cicatrizar, mas no momento em que sangrava, a dor do corpo ajudava a não sentir a dor real, a da vida.
Pensou duas vezes, mirou no pulso, recuou, não tinha certeza. Ligou pra alguém, ouviu uma voz verdadeira e então, não cortou tão fundo quanto planejava.
Dormiu chorando mais uma noite.
Pensava no dia seguinte... e se não tivessem atendido o telefone?
A cicatriz
Não, não há orgulho algum quando olha pro braço. Depois se arrepende.
Não é bonito, mas sente como se tivesse sido necessário... não só a si.
E se perguntam, o que pode fazer além de enrolar um pouco e dar uma resposta mal dada, uma mentira mal contada? Não adimitir que não consegue ser forte sempre.
Consola-se. Ferida na carne cicatriza.
Mas o que fazer com a ferida interna que fica mais profunda a cada dia que passa?
.
.
.
.
[Obrigada por ter atendido o telefone.]
Assinar:
Postagens (Atom)